CAPITULO II - FATALIDADES NO CASTELO DE BRIGSTON
 O jovem Rupert aproximava-se do castelo de Brigston com um estranho pesar no seu coração. Sentia-se oprimido pelas palavras amargas e assustadoras da velha senhora. Vampiros eram uma antiga lenda da transilvania, mas como dignatário da ordem sagrada de São Jorge, uma secreta ordem sagrada, honra que passou de pai para filho por gerações, não temia o mal que podia assolar a ele ou a sua família. Rupert imaginava que a proteção da cruz de São Jorge Guerreiro acompanhava a sua família.
 Assim afastou as incertezas e entrou no castelo. Os cavalos ficaram estranhamente assustados e recusaram-se a atravessar os portões. Então ele e sua família desceram na porta ainda, enquanto vários serviçais recolhiam sua bagagem.
 Rupert olhou o relógio, era pouca mais que uma da tarde. Um corcunda veio recebê-lo e fazer as honras de seu mestre.
 - Sua alteza, não se encontra? 
 - O mestre precisou olhar os campos ao norte, mas estará aqui para o jantar. Passou por aqui para avisar de sua vinda, e portanto seus aposentos estão preparados. 
O corcunda encaminhou Rupert e seu velho pai para o quarto ao lado de suas jovens filhas. Rupert apreciou a consideração do Príncipe em colocá-los tão próximos a suas damas.
 O jantar seria servido pontualmente as 19:30, e Sir Rupert, bem como toda sua elegante família estava pronta a tempo. Foram recebidos pelo próprio anfitrião, majestosamente vestido o que lhe dava um ar mais imponente, magnetizando todos a sua volta. Foi um agradável jantar.
 Os próximos dias foram muito aprazíveis, e a familia de Rupert sentiu-se muito à vontade, e teriam sido dias memoráveis se não fosse a estranha doença que acometeu uma das irmãs de Rupert. Foram 3 rápidos dias para que a jovem se fosse, causando indescritível dor e desespero no jovem e em seus familiares. Mal se recuperavam de um golpe, quando fatalmente a segunda jovem foi acometida do mesmo mal que levou sua irmã, e no rápido passar de 3 dias, definhou e também veio a falecer. O velho pai não aguentou a dramática perda e também morreu ali, mas aparentemente não do mesmo mal.
 Rupert enterrou sua família ali no cemitério do imponente castelo. O anfitrião esteve ao seu lado por todo o tempo, exceto quando precisava fazer misteriosas incursões por suas terras, as quais nunca era convidado a acompanhar.
 Sozinho e desolado, o jovem rapaz preparava-se para partir para a Inglaterra no dia seguinte, tendo um sentimento de profundo pesar mas também de confusão. Como era possivel perder toda a família em apenas uma semana? Que estranho mal era aquele que estava no castelo que mantinha as pessoas afastadas. Nenhuma viva alma em toda a extensão, no entorno do castelo. Até a paisagem era desoladora, a vegetação parecia crescer com dificuldade e ressecar-se fácil, como se o solo fosse amaldiçoado, e as noites eram particularmente geladas, mesmo naquela época tão florida do ano: a Primavera.
 Áquela noite especificamente não conseguia pregar o olho. Lembrou-se das palavras da D. Frida, na pensão que visitara cerca de um mês. “Suas irmãs e você nunca mais verão a luz do dia outra vez”. O olhar da mulher era vidrado, enlouquecido, como dos demais moradores. As casas fediam a  alho, e as pessoas andavam assustadas em plena luz do dia. Como se algo monstruoso habitasse a região. Era curioso, inteligente e estudava com afinco as matérias da faculdade. O sumiço misterioso do cadáver que era velado no dia em que chegaram. Seria o mesmo mal que matara suas irmãs? 
 Um movimento no corredor chamou sua atenção. Saiu cautelosamente de seu quarto, e percebeu a presença de uma bela jovem no fim do corredor. Ele nunca a havia visto no castelo antes. Mas havia alguma coisa de muito familiar no seu semblante, e segui-a de longe. Se movia com delicadeza e muita sensualidade. Sentiu-se atraído pelos seus movimentos insinuantes. Parecia flutuar em vez de andar. Ela virou-se e olhou o corredor, então entrou num quarto. 
 Rupert empalideceu. Reconheceu o rosto da jovem que estava sendo velada no dia em que chegaram aquela região, a tal Ifigênia. Chegou próximo a porta e escutou os sons do outro lado, a porta estava entreaberta, ele empurrou a porta vagarosamente e se deparou com uma cena estarrecedora. No quarto em grande orgia, estava seu velho pai, suas irmãs e a jovem Ifigênia banqueteando-se com o sangue de um jovem rapaz nu. Sugavam-lhe o pescoço, os braços, e se lambiam mutuamente, todos completamente despidos, e o rapaz entorpecido sorria bobamente.  Rupert saiu imediatamente, mas não a tempo de fugir, pois ao seu lado já estava sua jovem irmã Priscila, pálida, banhada em sangue, exercendo um estranho poder magnético ao qual ele não podia, não conseguia resistir.
 Ela o atraia para si enquanto tirava sua camisa deixando o pescoço descoberto para o ataque fatal. Quando seu corpo encostou no de seu irmão sentiu uma dor lacerante, seu peito queimava, ela olhou a tempo de contemplar uma cruz de São Jorge da qual seu irmão nunca se separava. Ganhara da mãe, quando ela ainda estava moribunda, debilitada pela pneumonia. Era herança de familia, muito muito antiga. O corpo de sua irmã inteiro se incendiou, pois diferente de qualquer outra cruz, a cruz de São Jorge tinha um poder maior no combate ao mal, e logo só restavam cinzas do que antes foram o corpo de sua bela irmã.
 Mas ela lhe deixara a marca de seus dentes, um arranhão, que queimava ao contato da cruz com o corpo do jovem. O calor fê-lo despertar do transe, e imediatamente, partiu dali, fugiu do castelo naquela mesma noite, antes que tivesse o mesmo fim de sua família. Não pegou bagagem, saltou, não soube como, de uma altura incrível, e se desviou pela floresta negra, correndo sem parar, até avistar as luzes da vila.  
 Rupert chegou ao vilarejo, alquebrado, sujo e miserável. Entrou na pensão de D. Frida de sopetão, assustando a todos.O velho perto da porta ergueu uma espada e infringiu-lhe um golpe na cabeça, e ele caiu desfalecido. A camisa aberta fez notório a todos a presença da poderosa cruz de São Jorge, que brilhava com furor. D. Frida acudiu ao rapaz mandando que o levassem para o quarto,e deu-lhe algo para beber. O rapaz estava em estado de choque. Todos estavam espantados. Ninguém vira alguém entrar no covil do mal e retornar para contar a história. A noite ainda estava começando e seria longa a espera do raiar do sol, quando todos estariam seguros. Drácula certamente viria atrás do rapaz assim que desse por sua falta.
 D. Frida foi limpar os ferimentos, e viu o arranhão vampírico totalmente queimado, retirou o que havia sobrado da camisa do rapaz e examinou atentamente a cruz de São Jorge. Chamou seus companheiros para que vislumbrasse a sua salvação. Um artefato antigo e poderoso, forjado da própria armadura de São Jorge, o guerreiro, quando este combatia as forças do mal, o mesmo mal que assolava agora a região. O dragão na verdade era o príncipe Vladimir, também conhecido como Conde Drácula. 
 Os habitantes chegaram a um consenso, precisavam esconder e proteger o rapaz. Ele não seria mais uma vítima do Vampiro. Pensavam nas possíveis maneiras de esconder o rapaz que jazia em estado de choque. Se ele sobrevivesse, poderia levar sua estória para os Dignatários da Ordem Imperial, sociedade secreta que poucos conheciam, e ninguém de fora sabia quem eram os membros, mas sabia-se que ele combatiam os vampiros a milenios. Então talvez eles tivessem alguma chance, ou seus pelo menos seus filhos. Eram criados como gado para alimentar a sede de sangue dos monstros, que avançavam em busca de novas cidades. Agora havia uma esperança.
 E como esperavam,naquela mesma noite Vlad veio. Agitou os ventos, apagou as luzes, chamou mas não ouviu resposta. Rodeou todas as casas do vilarejo, mas não havia como entrar protegidas pela monumental quantidade de alho, e lavadas com água benta. Trouxe consigo reforços, e naquela noite um banho de sangue aconteceu. O sol nasceu vermelho, e a luz do dia revelou os dezenas de cadáveres arrancados de suas casas e cinzas se espalhavam pelas ruas da cidade. Escondido em uma sepultura dentro da própria igreja, não houve como achá-lo ou sentir seu cheiro. O jovem Rupert sobreviveu, e ajudado por D. Frida deixou a Transilvania.
 

 
 
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